A razão dessa nota é o final do Capítulo 8 do livro do Sá Carvalho, que diz:
“Assim, poderíamos, sem grandes pretensões, relacionar alguns itens de uma possível ética profissional do Analista de Sistemas, tal como o entendemos:
1- Trabalhar para a obtenção de benefícios reais, ao nível da empresa e do país, através da elaboração de sistemas de informações úteis, eficazes, que atendam às efetivas necessidades de informações dos usuários, dentro de uma perspectiva de apoio as suas ações concretas no seu meio ambiente; evitar a simples mecanização geradora de desemprego de outros profissionais.
2- Disseminar a informação tecnológica aberta e claramente, traduzindo, para o público leigo, todos os aspectos que, por terem possível influência sobre suas vidas, lhe interessarem; desmistificar permanentemente o jargão e as colocações publicitárias que tendam a transmitir idéias falsas acerca de custos, benefícios e conseqüências práticas da tecnologia sobre a vida das pessoas e das empresas.
3- Manter perfeito sigilo acerca de todas as informações que tiver, por força de sua atividade profissional, acesso, concernentes a pessoas físicas e jurídicas, sua intimidade e interesse diretos.
4- Defender e desenvolver, por todos os meios, a tecnologia nacional adequada e adaptada às necessidades do país, evitando contribuir para a desnacionalização de nossos meios de produção, de nossa economia e, principalmente, de nossa cultura.
5- Não estudar ou projetar sistemas que possam representar prejuízos sociais ou ambientais.” Luiz Carlos de Sá Carvalho (Análise de Sistemas O Outro Lado da Informática, Editora LTC, 1988)
No texto de Sá Carvalho, vemos um viés nacionalista (4), uma preocupação com a privacidade (3), um princípio de preocupação com a transparência (2) e uma preocupação com o meio ambiente (5) e uma preocupação básica com os requisitos (exatidão) (1).
O texto de Sá Carvalho representa uma visão pessoal, sobre ética. Em minha opinião é um texto atual e mantêm os pontos principais de muito dos códigos de ética de entidades profissionais. Claro, sua visão nacionalista pode ser criticada por alguns. Sobre visões sobre ética vale a pena ler um comentário de Frei Betto sobre visões sobre o conceito de ética. Veja também o comentário do Frei Bento sobre ética.
O especialista nesse tópico, no Brasil, é o Professor Masiero da Universidade de São Paulo. É de sua autoria, o livro Ética em Computação da Editora da Universidade de São Paulo, publicado no ano 2000. Dois artigos do Professor Masiero estão disponíveis: um comentando o caso da votação do Senado Federal e outro com uma visão mais ampla sobre a interseção do Direito e da Informática.
De rápida busca na rede coletei uma série de sítios que merecem uma visita. Particularmente, indico um resumo feito pelo Professor Porfirio Barroso Asenjo que faz um estudo de vários códigos de ética, de diferentes países, e confirma quatro pontos básicos já reportados por Mason. Esses pontos são: privacidade, exatidão, propriedade intelectual e facilidade de acesso.
Alguns outros recursos podem ajudar a uma melhor compreensão desse importante tema.
a) Um artigo do Professor Michael Stanton,
b) Um curso da Universidade do Porto (vários elos de interesse),
c) O código de ética do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), a maior organização profissional do mundo. Em particular é interessante a menção explícita quando ao ato de receber propina, mas não ao ato de oferecer. Afora esse detalhe, creio que o código é conciso e bastante apropriado (Em Inglês),
d) O código de ética da Associação de Computação (ACM) ( Em Inglês), e
e) O código da Ordem dos Engenheiros de Portugal.
3 comentários:
Interessante o artigo exatamente o que eu procura para uma pesquisa da faculdade.
Adriana
Obrigado. No entanto, lembre-se que o importante é escrever com suas próprias palavras. Veja o que escrevi sobre citação.
Postar um comentário